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28/09/2016

Motivo- Cecília Meireles

Imagem retirada da internet.

Eu
canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.


Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.


Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.



O poema, de rima consoante, fala, como o título indica, dos motivos de escrever, de compor. O poeta é classificado como um ser completo, por isso escreve. Sua consciência de que a vida é passageira é um dos motivos que o faz cantar. O verso "Irmão das coisas fugidias" enfatiza a ideia de que o poeta é aquele que vê o que ninguém mais consegue enxergar ou que não consegue lembrar por estas coisas serem fugidias, mas o poeta, com o ato de escrevê-las, as firma e as torna visíveis.

O poeta, na condição de um ser humano, passa, mas o que ele escreve "tem sangue eterno", porque a poesia, assim como a literatura, tem esse poder de permanecer no tempo. Este poema é na verdade uma encarnação, um representação do ato de escrever, que fala do poeta e de seu ofício, classificando este último como uma elevação da alma, pois, ao cantar, termo utilizado por Cecília, essa canção além de ser uma evasão de sentimentos é, também, uma elevação para o espírito, pois o deixa, de alguma forma, mais tranquilo.


Bom, gente, é isso. É óbvio que há muito mais para analisar e há diversas perspectivas a respeito de uma mesma coisa, mas essa foi a minha e foi até onde consegui chegar (por hoje).

Deixo abaixo o vídeo de Fagner que musicou, em 1978, este poema de Cecília. A canção se chama "Eu Canto". Espero que gostem. Desfrutem! ^^


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